quarta-feira, novembro 15, 2006

O sistema adapta-se

Peço desculpa por estar sempre a bater na mesma tecla. Mas isto parece-me uma das coias mais interessantes desde que cá estou nos EUA, e mais dignas de se estudar. As gorjetas.

A verdade é que o sistema adapta-se de formas supreendentes (nos vários sentidos da palavra).

Imaginem que estão num bar e pedem uma bebida. De seguida pagam com cartão. Ora acontece que o talão da bebida aparece com o total pago e mais duas linhas que são de preenchimento obrigatório. Primeiro o valor da gorjeta que se quer dar e depois o total da conta.

Ora isto além de mostrar o quão obrigatório a gorjeta é aqui e como o sistema se habituou a ideia, é um caso de em vez de mudar uma pequena regra parva, vamos mas é mudar todo o que está à volta, inclusive o sistema bancário. Mas além disso é tambem perigoso e incomódo. Perigoso pq se eu coloco 2 dollars de gorjeta (algo que provoca um certo ressentimento por pessoa do outro lado do balcão) nada me garante que o tipo atrás coloque mais um 1 á frente da gorjeta ou do total, ou até mais que 1 um. E o papel entretanto já tem a minha assinatura.

Por outro lado imagem ás altas horas da madrugada, depois de uma bela festa com um copitos a mais, onde voces dificilmente conseguem chegar ao balcão para pedir uma cerveja, e vem um índivido com uma caneta pedir para fazerem contas de subtrair e somar. Preludio para o desastre, principalmente porque o dinheiro vos sai directamente do bolso.

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Consequências do Sistema

Qualquer atitude ou regra tem a sua consequência, (e mais uma vez a velha discussão sobre as gorjetas) logo esta não é excepção.

Certo dia resolvo ir com um colega meu almoçar a um resturante, invez de comprar comida numa rolóte. Apetecia-me estar sentado, usar faca e garfo e descontrair um pouco.

Chegámos ao restaurante, caro por sinal, embora isso esteja directamente relacionado com o facto de os pratos que eles servem poderem ser comidos de faca e garfo e ficámos à espera de um empregado para nos indicar uma mesa.

Chegada a altura o simpático senho indicou-nos uma mesa, ao qual ao respondi, nós preferiamos uma daquelas (6 mesas vazias) junto à janela. Qual foi o meu espanto quando ele disse que isso era impossível.

A razão é que o restaurante está separado por zonas, 1 zona por empregado. Certo. Então as pessoas à medida que chegam tem que se ir sentando por ordem em cada uma das zonas para que os empregados recebam as gorjetas uniformemente, e não haver um chico esperto que só por que tem as mesas que os clientes querem recebe mais propinas....

A única coisas que não encacha no meio disto tudo é o facto de o cliente normalmente ser o agente a ser agradado quando se presta um serviço. E neste caso isso não entrava minimamente na equação.

Bem aqui havia 3 hipoteses, aceitar a mesa e ignorar o que se passou, ir embora, ou fazer birra até aparecer alguem responsável para pedir uma determinada mesa. Optámos por a primeira.


Por um lado é compreensivel que se tente distribuir as gorjetas visto que estas devem constituir cerca de 80% do ordenado dum empregado. Mas e nós, humildes clientes que pagamos caro para %#$&$# para comer uma porcariazinha qq e depois nem podems escolher o lugar. Sem contar com os 20% de gorjetas que nos aguardam no fim....

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